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BOLA DE GUDE

O Gude representa a tradição infanto-juvenil mundial quando o assunto são os jogos. Durante muitos anos vem integrando a cultura brasileira nos modos de ser e agir das crianças e adolescentes nas ruas e calçadas. Percebe-se que esse jogo, em especial, requer atenção quanto a possibilidade de seu esquecimento social, uma vez que se vê cada vez menos as bolinhas nas calçadas e ruas dos bairros. 

   Na escola, o jogo de gude ganha espaço privilegiado para seu aprendizado, ensino e resgate cultural. É um jogo que marcou gerações e o retornar de sua prática significa estabelecer laços com o passado criando caminhos para o presente/futuro desse jogo.

   No Brasil o  jogo também é conhecido por "Birosca", "Fubecas", "Burquinha", "Bilosca", "Bulica" entre outras nomenclaturas (SANTOS, 2012).

 

 Possível Origem

       Para conhecer a possível origem do jogo de gude precisa-se compreender que muitos jogos foram realizados na Antiguidade utilizando ossos pequenos e pedras preciosas. A utilização em específico de pedras preciosas foi verificada nas antigas civilizações egípcias por arqueólogos

   Entre as escavações arqueológicas em túmulos de crianças, no Egito antigo, encontraram-se bolinhas polidas de Jade e Ágata (SANTOS, 2009; 2012). Estima-se que tais pedras representavam materiais utilizados pelas crianças para jogar e brincar sendo que, tradicionalmente, era costume enterrar as pessoas com objetos de grande valor atribuídos por elas em vida.

   Assim, concebe-se que o jogo de gude possivelmente foi criado nas civilizações egípcias por esse fato. Entretanto, a data e o criador são elementos incertos nesse contexto. A partir da possível origem do jogo no Egito, acredita-se que foram os romanos que expandiram a sua prática no mundo todo. 

     No século 18 a Alemanha tornou-se a maior fabricante de bolinhas de vidro, contribuindo com o fortalecimento cultural de sua vivências pelas crianças com esse material (SANTOS, 2009; 2012).

 

Organização do jogo: regras, formatos e objetivos

   Um aspecto característico do gude são as variedades quanto ao tipo de bolinha e formatos dos jogos. Em comum, predomina a disputa "cada um por si" e o objetivo de capturar o maior números de bolinhas possíveis dos adversários.

   No que diz respeito as bolinhas de gude, verifica-se também diferentes tipos, tais como:

 

LEITERA: Tradicionalmente com a cor branca. mas que aos poucos ganhou outras cores.

 

 

 

 

 

 

 

CARAMBOLA: São bolinhas que apresentam ao centro e internamente um desenho parecido com a fruta carambola .

 

OLHO DE GATO ou CHINEZINHA: São aquelas bolinhas coloridas bem brilhantes, geralmente menores em relação as demais.

 

 

ACINHO: São bolinhas de aço como o próprio nome sugere Era comum anos atrás retirá-las das rodas dos carrinhos de rolimã.

 

 

CAFEZINHO: Como a cor das bolinhas variam, a cafezinho é a bolinha com a coloração marrom. Quanto mais marrom internamente mais fácil de identificá-la. 

 

 

TRADICIONAL: Para as bolinhas de vidro mais próximas da transparência denomina-se de comum, normal, tradicional. 

 

 

 

BURCÃO: Bolinhas maiores que as demais (o dobro ou triplo do tamanho). O Burcão são versões maiores dos outros tipos de bolinhas. 

   Nos jogos de bola de gude é comum que cada bolinha tenha um valor específico no momento de colocá-las em jogo, todas consideras a partir da bolinha "Tradicional". Por exemplo, a "Leitera" vale dez da "Tradicional", a "Carambola" vale dois e etc. Evidencia-se que os valores também variam de acordo com a convenção entre os jogadores e os contextos em que essa prática cultural é vivenciada. 

    Desse modo, por se tratar de um jogo tradicional em que as pessoas e os contextos interferem significativamente na dinâmica dos jogos algumas formas de jogar propriamente dito são conhecidas. Entre elas, destaca-se o Triângulo e a Serpentina. O nome dos jogos também varia de região em região Brasil a fora.

TRIÂNGULO 

    

 

 

 

 

 

 

 

   O objetivo de jogo Triângulo é conseguir acertar as bolinhas para fora dessa forma geométrica desenhada no chão. O jogador que acertar as bolinhas e retirá-las do triângulo ganha as mesmas. O jogo termina quando todas as burquinhas forem retiradas. A quantidade de bolinhas a ser colocadas em jogo dependerá do acordo entre os participantes. 

SERPENTINA

   

 

 

 

 

 

 

 

   Assim como o jogo do triângulo, o objetivo da Serpentina é conseguir acertar as bolinhas para fora da linha que demarca o local em que as bolinhas são colocadas. Porém, o jogador pega para ele não só as burquinhas que acertar mas todas aquelas do lado direito da bolinha carimbada. Também esse jogo termina quando todas as bolinhas forem retiradas pelos jogadores. 

     As variações quanto aos tipos de jogos de gude são muitas. Triângulo e Serpentina apresentam apenas duas formas de se jogar as burquinhas.

    Santos (2012) apresenta outros tipos como o "Mata-Mata" e "Birosca".

MATA-MATA

   

 

 

 

 

 

   

    No  mata mata, a dinâmica do jogo é parecida com o a do triângulo, ou seja,  o objetivo é retirar as burquinhas para fora de um espaço determinado, há uma distância também pré estabelecida pelos jogadores. Acaba-se o jogo quando todas as bolinhas forem retiradas de um círculo ou quadrado (Santos, 2012).

BIROSCA

 

 

 

 

 

 

 

 

No  jogo birosca/burica temos a formação mais clássica do gude, na qual o jogador deve percorrer o trajeto estipulado fazendo com que a bolinha entre de buraco em buraco, com o número de lances especificados pelos jogadores, até completar o trajeto (SANTOS, 2012, p. 120).

 

 

 

 

 

 

 

Na birosca há variações em que o jogador deve seguir o trajeto a partir do lugar que a bolinha parou e percorrê-lo sempre voltando a uma linha de marcação (SANTOS, 2012, p. 120).

     Considera-se primordial que as crianças conheçam o jogo bola de gude e suas variações possíveis. Também, é primordial que no ato de jogar o gude, os jogadores criem novas possibilidades, formatos de jogo, com regras e objetivos distintos daqueles já conhecidos. 

REFERÊNCIAS:

 

SANTOS, Gisele F. de L. Origem dos Jogos Populares: em busca do “elo perdido”. IV Congresso Norte Paranaense de Educação Física Escolar (CONPEF). Londrina: UEL, 2009

 

______. Jogos Tradicionais e a Educação Física. Londrina: EDUEL, 2012.

Imagem Background: Ivan Cruz

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