
PIPA
Se existe um jogo tradicional que ainda hoje persiste fortemente na sociedade contemporânea é a Pipa. Mesmo com o crescimento dos jogos eletrônicos nos últimos anos, ainda se vê muitas pipas no ar. É preciso quebrar com o pré-conceito que soltar/empinar pipa é coisa de menino, pois, muitas meninas adoram o jogo e sabem elaborar e erguer a suas próprias.
Nesse sentido, nas escolas, trabalhos pedagógicos que reflitam sobre o predomínio masculino nesse jogo, confrontando a ideia de que é um jogo apenas para rapazes. Trabalhos com esse objetivo já ocorrem com outras manifestações culturais, por exemplo, o futebol e futsal. É preciso que o "soltar" pipa permita a reflexão sobre as questões de gênero envolvidas em alguns jogo, inclusive nesse.
Outra reflexão que deve ser realizada durante o ensino da pipa diz respeito ao uso de cerol nas linhas. Discutir sobre os locais adequados para erguer as pipas, sobretudo com o objetivo de cortar ou capturar as demais e o uso de cerol, é imprescindível para a segurança tanto dos jogadores quanto das pessoas ao redor em que o jogo realiza-se.
Por se tratar de um jogo tradicional, a pipa também recebe outros nomes no Brasil, reconhecida como "Raia", Pandorga", "Maranhão", "Capucheta", "Peixinho", "Papagaio", entre outras (SANTOS, 2012).
De modo tradicional, as pipas são compostas por:
Possível Origem
Quando se procura a origem do jogo depara-se com informações distintas sobre o assunto. Santos (2012) apresenta que atualmente existe duas versões da possível origem do jogo, uma grega e outra chinesa.
A primeira versão relata que a pipa originou-se por volta de 400 e 300 a.C, sendo o criador Arquidas da cidade de Tarena na Grécia. A segunda versão apresenta Han Sin, general chinês que, em 206 a.C a teria criado para fins militares.
A partir disso, afirma-se que essas versões são as mais aceitas para a possível origem do jogo pipa. É preciso a compreensão de que, embora distintas as versões, em ambas, identifica-se que a pipa é um jogo q vivenciado há muito tempo pela humanidade, considerada um patrimônio cultural.
Organização do jogo: regras, formatos e objetivos
A pipa é um dos jogos que mais apresenta variações quanto aos objetivos, formatos e regras. Os sentidos e significados atribuídos pelos jogadores ao longo dos anos permitiram a existência de vários formatos das próprias pipas.
Entre os formatos de pipas, destacam-se:
Tradicional: Pipa elaborado com três varetas, sendo a maior posicionada na vertical e as outras na horizontal com o mesmo tamanho.
Capucheta: Feita com papel e sem varetas.
Suru: Elaborada por duas varetas formando uma cruz.
Raia: Parecida com a suru, entretanto com as duas varetas são anexadas formando um losango.
Maranhão: Pipas grandes, geralmente com o formato de animais e com filetinhas de plástico ao seu redor.
Em relação as regras, o próprio local e os jogadores criarão aquelas que deverão ser respeitadas. Dependendo do acordo nos contextos, pode-se tentar ou não cortar a linha do outro utilizando a sua pipa. Outra regra comum é sobre a captura das pipas cortadas: em geral aquele que for o primeiro a pegar a pipa cortada passa a ser o seu dono. No caso de um dos jogadores conseguir cortar e "aparar" a pipa de outro jogador, também passa a ser seu novo dono.
É comum nos casos em que a pipa foi cortada devida ao vento, ou a qualidade da linha, ser devolvida ao seu dono caso este corra atrás da mesma. É comum, mas não uma regra seguida em todos os locais.
No que diz respeito aos objetivos de soltar pipa, também presencia-se uma variável contextual. Pode-se objetivar soltar pipa apenas para realizar manobras (desbicar, retão), batizar a linha (utilizar toda linha) ou erguê-la para tirar "rélos" (cortar as demais pipas e/ou capturar novas).
A baixo, visualiza-se algumas ações possíveis e mais comuns do jogo pipa:
Desbicar: Levar a pipa no ar para os lados direitos e esquerdo.
Retão: Descer a pipa rápido em linha reta.
Relo: Tentar cortar a pipa de outra pessoa.
Aparar: Cortar a pipa da outra pessoa e segurá-la com a sua linha ou rabiola.
Deve-se incentivar os jogadores a criarem suas própria manobras e elaborarem pipas diferentes, testando-as no ar e ensinando os demias jogadores.
Atualmente alguns canais no Youtube contribuem com a preservação das pipas produzindo e divulgando vídeos de como se elaborar, erguer e manobrá-las. Dentre os canais no site, destacam-se "Digo do Rélo" e "Diamante Pipas".
Outras formas de preservação do jogo também ocorre com a sua imersão no mundo dos jogos eletrônicos. Esse fato pode ser exemplificado com o jogo eletrônico "Pipa Combate" criado pelo brasileiro Rafael Mayworn no ano de 2015 para as plataformas IOS e ANDROID.
O jogo logo caiu nas graças da criançada e já se popularizou entre aqueles que jogavam a pipa anteriormente a sua imersão no mundo virtual. O jogo pipa combate mostra como os jogos tradicionais podem ser ressignificados, modificando os espaços de sua realização.
REFERÊNCIAS:
SANTOS, Gisele F. de L. Jogos Tradicionais e a Educação Física. Londrina: EDUEL, 2012.
Imagens:
1) Google.com.br/imagens
2) Canal no Youtube "Digo do Rélo"
3) Canal no Youtube "Diamante Pipas"
Imagem Background: Ivan Cruz





CABRESTO: É o tensor da linha que mantém a inclinação da pipa para que o vento a levante, também chamado de estirante, cabeçote, cabeção, cabeçário, chave, zil, dentre outros (SANTOS, 2012, p. 126).
LINHA: Fio que serve para sustentar a armação da pipa e para dar condições de a pipa levantar voo; necessário para empinar e recolher a pipa (SANTOS, 2012, p. 126). Também é utilizada para a cauda.
ARMAÇÃO: É a estrutura de varetas que mantêm a posição da vela e pode ser feita de diferentes materiais como madeira, bambu, fibra de carbono, alumínio, dentre outros (SANTOS, 2012, p. 126).
VELA: A superfície que, ao servir de resistência ao vento, faz com que a pipa suba no ar; pode ser de papel, plástico ou tecido (SANTOS, 2012, p. 126).
CAUDA (RABIOLA): É a parte que dá estabilidade ao voo da pipa, do tipo plana. Pode ser rabiola (tiras amarradas), tiras (tiras compridas de mais de 1,5m) e corrente (tiras em forma de elo) (SANTOS, 2012, p. 126).







Desbicada lado esquerdo
Desbicada lado direito




